sexta-feira, 2 de novembro de 2012

10º DIA 31 OUT: ESQUEL – LOS ANTIGUOS (579 km – 5:24 hs)



DIÁRIO DE VIAGEM

            Saímos de Esquel logo cedo. Aproveitamos para conhecer a estação de esqui local – La Hoya, distante 13 km, numa estrada de rípio em zigue-zague (hairpin) montanha acima. A estação é pequena, poucas pistas e poucos meios de elevação. Não vale a pena..., mas marcamos o quadrinho.

            Tomamos a Ruta 40 e lá fomos nós para o próximo destino. A estrada era de asfalto e muito boa até Gobernador Costa, uma pequena cidade que mais parecia cidade-fantasma do Velho Oeste. A partir de lá ficou ruim, sem sinalização, com as bordas irregulares, contudo, mantendo o piso central bom. Ela se manteve assim até Rio Mayo, uma cidade que parecia muito mais um povoado, encravado em um vale. A partir daí, rípio de pedras soltas, fazendo barulho na lataria do carro, espremendo o coração do dono. Na entrada da Província de Santa Cruz reiniciou o asfalto de muito boa qualidade que se manteve até o destino, Los Antiguos.
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            Quanto mais descíamos mais deserta ficava a região. Não se via nada no horizonte, nada de árvores, somente os mesmos pequenos arbustos arredondados. Ficávamos muito tempo sem ver outro carro! No caminho passávamos por alguns povoados com meia dúzia de casas. Muitas terras com criações de carneiros, a maioria com filhotes, mas não se via casas de fazenda. Eventualmente, vacas e cavalos. A estrada totalmente sem apoio, não tinha um lugar para parar – até se quisesse fazer pipi na estrada não tinha nenhuma moita para ficar atrás!!!


           
O “high light” de hoje é que vimos na estrada um guanaco, que se assustou ao ver o carro e correu, além de um tatuzinho que passou correndo, bem como uma raposa, correndo atrás de caça. Além disso, só muito carneiro!
            Paramos para almoçar e abastecer em Rio Mayo – terrível! O posto muito simples, quase não encontramos. Pelo menos a gasolina era bem barata, R$ 1,92 o litro. Depois fomos almoçar na Rotisseria El Gordo, um lugar muito feinho, um atendimento muito fraco, mas pelo menos a comida era razoável. A cidade deve ter crescido em torno de um quartel e um vila do Exército – Batalhão de Engenharia. Umas poucas ruas sem calçamento, umas casinhas feiosas...., mas nada e no meio de nada...
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            Seguimos então para Los Antiguos, nosso destino de hoje. Para isso desviamos 62 km da nossa rota para ter um bom lugar para dormir, já que na nossa estrada não havia nada aceitável.
            Los Antiguos é uma cidade na fronteira com o Chile (3 km), às margens do lago Buenos Aires. O lago é enorme e vai até o Chile, onde se chama lago General Carrera. Tem águas muito limpas, de vários tons de azul, cercado de montanhas. Ventava tanto que o lago tinha ondas com espuma branquinha que davam até para fazer um surf. Acho que o nosso filho Bruno ia gostar muito deste lago devido ao vento constante e acima dos 35 nós, o que lhe permitiria a prática do kite surf o ano inteiro. O problema é a temperatura da água, pois mesmo nessa época do ano (novembro) gira entorno dos 8 graus.



Nosso hotel é a Hosteria Antigua Patagonica, muito grande e bonito, na beira do lago e na entrada da cidade. Ainda bem, pois compensa a Cabaña de ontem que era horrível. Isto é, a cabana em si era razoável mas o banheiro – OMG – quem fez aquele box não tinha mãe. A gente não cabe dentro dele e ainda molha todo o banheiro. E também não tinha café da manhã – fomos tomar na loja de conveniência do posto de gasolina. Este hotel que estamos agora é muito bom, amplo, com uma linda vista para o lago, onde tem um atracadouro. E o banheiro é ótimo! Ih ih ih.



                   Demos uma volta até a cidade – é pequena, tem uma galeria com lojas de artesanatos, roupas etc... alguns poucos pequenos restaurantes, umas pousadas... Na beira do lago foi construído um passeio com bancos para ficar olhando o lago e pista para se caminhar.
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            Temos observado por todo lugar que há umas árvores imensas que são plantadas em torno de plantações, demarcações de terrenos, áreas públicas, etc... São álamos, de várias espécies e são usadas mesmo para proteção contra o vento.

            Desde que entramos na Argentina temos visto na beira das estradas umas casinhas vermelhas, bem pequenas, com santos e flores dentro, às vezes ao lado de cruzes. Imaginamos que, como no Brasil, fosse referência a algum acidente fatal naquele local. No entanto, observamos que elas aumentaram em quantidade, em alguns lugares tinha várias delas lado a lado, com flores, bandeiras vermelhas e garrafas pet com água. Perguntamos a moça do nosso hotel que nos explicou que é uma tradição relacionada com um santo popular, um “gauchito” que não é reconhecido pela Igreja, a quem as pessoas prestam homenagens e pedem proteção para as estradas.
            Falando em estradas... Hoje, enfrentamos uma novidade que não estamos acostumados no Brasil. Mesmo tendo sido avisado por outros colegas que já fizeram essa viagem ficamos impressionados com a força dos ventos aqui na Argentina. Ouvimos dizer que ainda vai piorar, quando formos mais para o Sul. É impressionante e o efeito é drástico, chegamos a aumentar em 2 a 2,5 km/lt o consumo de combustível do carro. Tivemos que reduzir a velocidade de cruzeiro para uns 100 km/h para me manter em um consumo aceitável e garantir a segurança na direção. Até hoje, sem vento, tenho mantido um regime de cruzeiro, quando posso, em torno dos 130 km/h, isso devido a qualidade do piso das estradas que é muito bom e, também, a velocidade de cruzeiro dos “hermanos”, que é sempre alta. Nas estradas de rípio, que são ótimas, procuro manter um cruzeiro entre 60 e 80 km/h. Não dá para passar disso, sob pena de levarmos um susto com uma derrapada.

O carro está se havendo muito bem. Levamos um pequeno susto no trecho de Foz do Iguaçu para Uruguaiana, quando o nosso sensor de visão obstruída nos retrovisores parou de funcionar (não ia mudar nada na viagem, mas... carro novo é assim mesmo). Acreditamos que isso ocorreu por ele ter ficado todo sujo com a lama da estrada, choveu muito e aquela área da Província de Missiones e Entre Rios da Argentina é toda barrenta. Após reduzir a chuva e a lama ele voltou a funcionar normalmente.
O outro probleminha que enfrentamos no dia de hoje não foi no carro propriamente dito, foi na película do vidro da janela da Jussara que começou a se soltar. Tentamos dar um jeitinho, mas acho que ela vai se soltar toda até o fim da viagem. Serviço mal feito em Brasília que vamos reclamar na volta.
Amanhã, no rípio o dia inteiro, seguimos na proa de El Chaltén, uma das cidades que vamos passar mais dias. É a capital do treeking na Argentina, então vamos aproveitar!!!

Um comentário:

  1. Acho que não consegui postar. Vou repetir.
    Não retire a película. Meu filho fez isto na vistoria do Detran e deixou o vidro melado. Viajou em seguida e perdeu duas máquinas do vidro elétrico. Se sair sozinha limpe bastante.
    Um forte abraço
    Jordão
    PS.: fico imaginando toda sua viagem. Sensacional

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