sexta-feira, 2 de novembro de 2012

11º DIA 01 NOV: LOS ANTIGUOS – EL CHALTÉN (782 km - 10 hs)



DIÁRIO DE VIAGEM

            Hoje tínhamos pela frente uma jornada razoável, de uns 700 km, mas que prometia ser demorada, uma vez que grande parte dela seria em estradas de rípio. Também nos preocupavam os abastecimentos já que o trecho era bem deserto e havia poucos pontos de apoio – logo teríamos de deslocar em um ritmo que não aumentasse o nosso consumo. Fizemos nossos cálculos das paradas e dos abastecimentos e de tempo e saímos cedo. Na estrada avistamos algumas lebres saltitantes...

            Chegamos rápido a Perito Moreno, o primeiro ponto de apoio e abastecemos, sacamos dinheiro no caixa eletrônico e prosseguimos. Ainda tentamos achar um local para telefonar para casa, mas as 8:30 da manhã em pleno dia de semana, ainda estava tudo fechado.



            Logo adiante, acabou a nossa alegria e já pegamos a estrada de rípio. Nesta etapa há vários trechos de estrada em obra de asfaltamento e havia uma estrada novinha já pronta, mas ainda fechada ao trânsito, pois faltava acabamento, sinalização, colocação dos ductos de escoamento de água etc..., Mas que poderia perfeitamente ser usada com pequenos desvios. A gente olhando aquele asfalto bonitinho e andando e chacoalhando nos malditos rípios, que eram soltos e com pedras enormes. Ai que ódio!!!

            Próximo a Bajos Caracoles, tivemos nosso primeiro contratempo – um pneu furado, ou melhor dizendo, estourado. Um enorme rasgo na parte interna do pneu traseiro. E lá fomos nós trocar o pneu e procurar um borracheiro para tentar consertar. Na “gomeria” (borracharia) de Bajos Caracoles não foi possível – o rasgo era grande e precisava fazer um remendo (manchão) e comprar uma câmara de ar, que não havia lá – segundo ele, deveríamos ir a Gobernador Gregores, desviando da nossa estrada, que era onde poderíamos ter uma solução. E lá fomo nós até essa imensa “cidade” de 12.000 habitantes perdida neste ermo, andando bem devagar, alternando no rípio (40 km/h) e no asfalto (80 km/h), devido ao pneu reserva que é daqueles fininhos, que só pode ser usado como estepe mesmo.
            O vento nesta área é uma loucura. De lado, empurra o carro para fora da estrada, de frente segura o carro e o consumo dispara. Em torno da estrada, levanta nuvens de poeira e joga pedrinhas no carro.... Vimos pássaros que não conseguiam “decolar” e um cachorro que andava de lado, tal era a ventania. Se lá embaixo é a Terra do Fogo, aqui é a Terra do Vento. Mulher aqui não consegue usar saia, só se for longa e com pesos na bainha e olhe lá...

            Pela estrada encontramos vários guanacos, sozinhos e em grupo, e também vimos avestruz (ou ema; não sei bem a diferença). Carneiros aos montes. E só...  Continua aquele deserto lunar – pó e pedra. Acho que aqui tem uma atividade extrativista “pedrolífera”... hehehe
            Chegando a Gob. Gregores, aquele suspense para ver se conseguiríamos consertar o pneu. Achamos o borracheiro que foi muito prestativo e resolveu o problema. Remendou o pneu e compramos a câmara – aliás, duas para ficar uma de reserva. Com tudo isso perdemos muito tempo e em vez de chegar a El Chaltén às 17 horas como previsto, chegamos as 21:30. Ainda bem que está escurecendo bem tarde, quando chegamos ainda tinha luz. Entretanto, com todos os percalços de hoje, graças a Deus, o dia acabou bem e sem mais problemas.
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            Arranjamos outro caminho que é mais longo, mas segundo as informações que conseguimos, tem uma grande parte asfaltada e o trecho em rípio é de melhor qualidade. Fomos pela RP-27 até Ea. La Julia e depois pegamos a RN-288 para Três Lagos e dali, El Chaltén.

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            Depois desse evento, observamos que muita gente aqui leva mais de um pneu de reserva – área é muito deserta, as cidades são muito pequenas e obviamente não tem pneus para vender, especialmente os mais diferenciados. Nos preparamos para pneu furado, e até tínhamos material para conserto, mas não para pneu estourado. Se tivéssemos trazido uma câmara de reserva, teríamos resolvido o problema na primeira parada e não precisaríamos alterar a rota. Valeu o aprendizado para outras viagens semelhantes. Bem que o Adriano que já veio aqui me falou, leve um pneu reserva Burnier! Mas, cabeça dura e mala cheia não sobrou lugar para pneu reserva.
            O trecho final foi muito cansativo – um dia inteiro de estrada, mais o estresse do pneu, mais a alteração de rota (para mais...). Continuávamos naquele deserto – passamos mais de uma hora sem ver qualquer manifestação de vida – nada de carros, animais, fazendas etc... Já pertinho de Três Lagos vimos algumas vacas, uns guanacos desgarrados e cavalos.

            A chegada a El Chaltén é margeando o Lago Viedma – ao fundo montanhas nevadas, uma delas é o Mt. Fitzroy, com 3405 m de altura. Também se pode ver o Glaciar Viedma do outro lado do lago. Mas como o sol já havia se posto estava tudo cinzento. Batemos algumas fotos só para registro.
23:00 HS


            Chegamos a El Chaltén e ao nosso hotel as 21:00, cansados e famintos. O hotel é o Lo de Tomy, um conjunto turístico com casinhas (apart hotel) muito bem cuidadas e equipadas. Ventava muito e começava a chover. A casa estava um forno – eles ligaram o aquecedor no máximo – parecia uma sauna. Saímos abrindo todas as janelas e desligamos o aquecedor.
            Saímos para jantar e achamos uma cervejaria artesanal aqui do lado que também servia comida. Tomamos a cerveja deles e pedimos um “Locro” uma espécie de cozido/minestrone, com feijão branco, legumes e carne.
            A cidade não tem telefonia celular e a internet é meio difícil.
            Amanhã, saída para trekking, “weather permitting”.
            Hasta la vista! 

5 comentários:

  1. Ja estou com agua na boca. Gosto desses ambientes desolados e lindos. Os oratorios na beira das estradas que vcs ainda verao muitos sao por uma mulher que vagou pelo deserto sem agua e a filhinha morreu de sede. Por isso o monte de garrafas de agua. Ha uma veneracao popular muito antiga. Deixem tb um pouquinho de agua...
    E o vento ainda vai piorar.
    Abracao com minha saudavel inveja.

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  2. Já que você não ouviu o Adriano, aceite esta recomendação: compre um pneu novo e instale pelo menos para fazer o trecho de retorno a partir de Rio Gallegos porque não é bom andar com um remendado em altas velocidades.
    Pela descrição das estradas, ainda bem que o carro que vou usar não é meu...
    Até amanhã. E divirtam-se!!!
    Mac

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  3. Estou ansiosa para encontrá-los ,esta noite já estava com febre de viagem!!!!!! Aproveitem bem . abração angela

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  4. Aguardamos vcs por aqui, Angela e Mac. Façam boa viagem e até breve.

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